15 outubro 2008

O Amor esteve aqui


Quando frenquentei os corredores do colégio técnico Rubens de Faria, era comum encontrar rabiscado em suas velhas carteiras de madeira a frase "fulano esteve aqui". Essa frase e a época, década de 80, talvez reflitam o sentimento que tentarei mostrar de como o Amor, nos tempos atuais, parece ser mesmo um mero frequentador de carteiras de colégio, que vem, passa e é esquecido pela indiferença de quem dele está próximo. O Amor tem se tornado mero coadjuvante nas relações entre as pessoas, banalizado pela facilidade do beijo e mesmo excluído pela não menor facilidade do sexo. Não quero reportar a ninguém culpa por isso. Há mesmo uma bola de neve a passar por cima dos que se apegam ao Amor, seja homem ou mulher, o consumo desenfreado ultrapassou as marcas de grife e se postou definitivamente nos relacionamentos, os quais nem se pode mais chamar de amorosos, posto que de amores guarda sinuosa lembrança. Mesmo agora, enquanto escrevo, me sinto preocupado com a interpretação que possam dar a estas palavras, afinal, quem expõe o Amor que sente muito se aproxima de ser uma pessoa frágil, e no mundo competitivo demonstrar suas fraquezas é algo reprovável. Temos que ser fortes, daí surgirem "pegadores" e "pegadoras", nada de apaixonados, mas tão somente homens e mulheres dedicados a aumentarem seu placar de conquistas, mal conseguem perceber que na verdade só estão diminuindo o número de pessoas que lhe restarão na vida para se apaixonar. Mesmo entre os que se empenham no Amor há uma grande confusão: Às mulheres foi designada a obrigação de serem "contemporâneas", "modernas", "atualizadas", afinal precisam se dedicar às suas carreiras para "não depender de ninguém", mas ora, há algo realmente o qual façamos na vida que independe de alguém ou algo? Não é exatamente a dependência de alguém que nos faz apaixonar? Aos homens o papel de conquistador foi ampliado, se atreva a ir a algum lugar e dizer que não ficou com ninguém pois não encontrou nenhuma mulher interessante... interessante hoje é qualquer mulher que se mova e tenha uma boca para ser beijada... interessante é, definitivamente, não se importar e nem mesmo lembrar o nome de quem você beijou... e chamam isso de conquista? Como se conquista alguém na qual você não deixa uma impressão na alma? Realmente é muito difícil compreender as pessoas apaixonadas nos tempos de "crise da bolsa", como alguém pode estar se preocupando com outra coisa, meu Deus?! Na verdade superamos qualquer crise se estamos ao lado de quem escolhemos, quem nos escolheu, quem nós amamos... Talvez ninguém viva só de Amor... mas pra que viver sem tentar conquistá-lo?
foto: "Summer Lovers" por Isabel Gomes da Silva (www.olhares.com)

Um comentário:

Anônimo disse...

necessario verificar:)