27 outubro 2008

Após a morte, um pouco de Vida.

Já há alguns dias não escrevo. Confesso que coisas que acontecem todos os dias mas que tomamos contato só de vez em quando nos tira o ânimo da inspiração, mas se a morte de uma jovem pode inspirar algo, que ela inspire o renascer... afinal de contas, coisas boas também acontecem todos os dias, coisas que levam em si o maravilhoso toque de Deus. E por falar no Criador, vamos falar de nascimento. Tive a feliz oportunidade de deparar-me com uma edição especial de uma revista de surf, a Fluir, que completa 25 anos este mês, nela veio encartado, entre outros brindes, um DVD, um vídeo de nome "Nalu" do diretor Rafael Mellin. Parecia mais um vídeo sobre surfistas buscando a onda perfeita, mas na verdade ele fala sobre um casal, sobre amor, e como uma menina, que ainda nem nasceu, planeja se tornar a filha desse casal de aventureiros. Tudo com lindas imagens de Surf e da Natureza. Um alento após tantas notícias tristes.

O filme me recolocou diante do antigo dilema: viver ou sobreviver? A custa do quê enfrentamos tanta correria no dia-a-dia? Por que buscamos tanto conhecimento se, o auto-conhecimento deixamos em segundo plano? Na década de 80 costumávamos rotular os surfistas de pessoas "sem cérebro", rapazes mimados da classe média, ainda hoje alguns os rotulam assim, mas a verdade é que eles são algumas das pessoas que mais se aproximam de seu auto-conhecimento, pois não vejo outra forma que não o contato direto com a Natureza para tanto. Deixar-se molhar pela água da chuva, deixar-se envolver pelas ondas do mar, deixar o vento te despentear... enfim, não impor barreiras à Natureza. Procurem pelo vídeo nas bancas de jornais (pra dar um gostinho tem um trechinho aí em cima), é baratinho e tem cenas espetaculares... depois deslique o DVD, pegue uma bike, ou saia a pé, ou vá á praia, ou deite na grama, ande descalço... sinta que você faz parte de tudo isso... se reconheça!

15 outubro 2008

O Amor esteve aqui


Quando frenquentei os corredores do colégio técnico Rubens de Faria, era comum encontrar rabiscado em suas velhas carteiras de madeira a frase "fulano esteve aqui". Essa frase e a época, década de 80, talvez reflitam o sentimento que tentarei mostrar de como o Amor, nos tempos atuais, parece ser mesmo um mero frequentador de carteiras de colégio, que vem, passa e é esquecido pela indiferença de quem dele está próximo. O Amor tem se tornado mero coadjuvante nas relações entre as pessoas, banalizado pela facilidade do beijo e mesmo excluído pela não menor facilidade do sexo. Não quero reportar a ninguém culpa por isso. Há mesmo uma bola de neve a passar por cima dos que se apegam ao Amor, seja homem ou mulher, o consumo desenfreado ultrapassou as marcas de grife e se postou definitivamente nos relacionamentos, os quais nem se pode mais chamar de amorosos, posto que de amores guarda sinuosa lembrança. Mesmo agora, enquanto escrevo, me sinto preocupado com a interpretação que possam dar a estas palavras, afinal, quem expõe o Amor que sente muito se aproxima de ser uma pessoa frágil, e no mundo competitivo demonstrar suas fraquezas é algo reprovável. Temos que ser fortes, daí surgirem "pegadores" e "pegadoras", nada de apaixonados, mas tão somente homens e mulheres dedicados a aumentarem seu placar de conquistas, mal conseguem perceber que na verdade só estão diminuindo o número de pessoas que lhe restarão na vida para se apaixonar. Mesmo entre os que se empenham no Amor há uma grande confusão: Às mulheres foi designada a obrigação de serem "contemporâneas", "modernas", "atualizadas", afinal precisam se dedicar às suas carreiras para "não depender de ninguém", mas ora, há algo realmente o qual façamos na vida que independe de alguém ou algo? Não é exatamente a dependência de alguém que nos faz apaixonar? Aos homens o papel de conquistador foi ampliado, se atreva a ir a algum lugar e dizer que não ficou com ninguém pois não encontrou nenhuma mulher interessante... interessante hoje é qualquer mulher que se mova e tenha uma boca para ser beijada... interessante é, definitivamente, não se importar e nem mesmo lembrar o nome de quem você beijou... e chamam isso de conquista? Como se conquista alguém na qual você não deixa uma impressão na alma? Realmente é muito difícil compreender as pessoas apaixonadas nos tempos de "crise da bolsa", como alguém pode estar se preocupando com outra coisa, meu Deus?! Na verdade superamos qualquer crise se estamos ao lado de quem escolhemos, quem nos escolheu, quem nós amamos... Talvez ninguém viva só de Amor... mas pra que viver sem tentar conquistá-lo?
foto: "Summer Lovers" por Isabel Gomes da Silva (www.olhares.com)

13 outubro 2008

O Novo sempre vem...

Há algum tempo escrevi sobre o "novo" e como a aceitação dele é difícil para quem viveu sua adolescência em décadas anteriores, principalmente a nós que saboreamos ser adolescente na década de 80. Entretanto o mundo não pára e como citei Belchior: "o novo sempre vem"... no post a que me refiro colei um banner musical anunciando o lançamento do álbum "Perfect Simetry" do Keane, banda jovem que sintetiza o quão o Novo é necessário, o quão o Novo é melhor já que ele traz traços do que já era bom aperfeiçoado pelo uso de novas tecnologias e conhecimentos. Mas voltemos ao Keane, ela é uma banda (como não poderia deixar de ser em se tratando de bom rock'n'roll) inglesa da cidade de Battle, East Sussex. Eu descobri o som deles quando procurava por material para incluir como fundo musical para um clipe de Natação (veja o vídeo):

Foi uma incrível coincidência, minha filha sugeriu que eu parasse de usar músicas de bandas dos anos 80 pois a turma da Natação preferia algo novo. Sentei-me frente à TV numa noite de segunda e rolava o show(que descobri tratar-se do "Live at O2") de uma banda muito próxima ao som do Coldplay mas que percebi ser de jovens músicos, os quais não conseguia reconhecer. Tentando decifrar algumas das letras das canções, consegui rabiscar um trecho e pus-me em frente ao Google: Eureka, Keane estava descoberto (ao menos por mim). Assim encontrei músicas que me reacederam o espírito adolescente da década de 80, senti-me revigorado e agradecido por garotos tão jovens buscarem inspiração e externarem com letras simples mas sustentadas por notas musicais poderosas, um sentimento que só se encontra no "Novo", foi como redescobrir U2, Pet Shop Boys, New Order, e outras bandas que alicerçaram com música, minha trajetória pelos anos conturbados da adolescência. Bom, Keane está aí e hoje, 13 de outubro, é o dia do lançamento oficial do álbium Perfect Simetry, procure escutá-los, é fácil, está no Youtube, está nas lojas ou clique no banner musical lá em baixo. Eles exemplificam o quanto é bom esperar e buscar pelo "Novo".

10 outubro 2008

Sonhos se dissipam. Atitudes se perpetuam.

Desde criança o sentimento mais amargo, a constatação mais dura de realidade, ocorre quando determinada coisa que sonhávamos não se concretiza, ou pior, permanentemente se esvai. A perda da possibilidade de sonhar é um golpe muito forte no inconsciente humano, encarar a realidade é algo que tentamos evitar, por mais adultos que nos tornamos, queremos sempre manter a esperança que algo de bom, especial, de muito importante acontecerá, quando essa esperança nos é roubada a sensação é de plena impotência. Aprendi um pouco que contra o perigo da desesperança só nos resta agir, buscar o sonho, não adiarmos sua realização. Isso parece simples aqui, escrevendo, mas é um dos exercícios mais difíceis de encarar, mesmo porque, reparem bem: quando colocamo-nos às obras nos aproximamos mais da realização ou não do sonho, então o risco de nos frustrarmos é grande, assim há uma resistência enorme e inconsciente em agirmos na direção do sonho... por puro medo de perdemos a esperança e não o "acontecimento" em si. É a velha questão: Arrependermos do que fizemos ou do que deixamos de fazer?

06 outubro 2008

Crise? Qual?



Nas décadas de 70/80 participar de protestos em defesa da Natureza era coisa de criança. Nos anos 90 os jovens, que eram essas mesmas crianças, abraçaram a defesa da sustentabilidade e surgiram ou se fortaleceram entidades como o Greenpeace e WWF. No início deste século a constatação: O Planeta não pode mais esperar. Bom, não pode esperar mas quem sabe fazer uma pausa para a crise de Wall Street passar? Nos esquecemos tão fácil assim das coisas? Quando essa "crise de mercado" se iniciou um amigo veio até mim na hora do café e disse: "Você viu só a crise?", imediatamente me veio à cabeça o aquecimento global, o derretimento de uma geleira na Argentina que nunca antes havia ocorrido, ou a baixa temporada de neve em Bariloche (todos indícios da grave CRISE CLIMÁTICA pela qual passa o Planeta, aliás, NOSSA CASA), mas não, o preocupado amigo se referia a uma crise sintética, virtual, crise criada por pessoas que especulam no mercado financeiro, ficam milhonárias e quebram instituições financeiras, mas notem, todos os agentes envolvidos não produzem nada, não geram empregos, não investem em sustentabilidade e, pior, vivem discursando que os governos não devem se intrometer nos assuntos de mercado. Pois bem qual das crises por que passa o Planeta necessita do auxílio de U$700 bilhões?

04 outubro 2008

Política não se discute, se faz!

Não é privilégio do brasileiro desconfiar de seus políticos. Embora aqui tenhamos mais razão para isso. Em boa parte do mundo democrático a insatisfação com seus representantes é normal. Mas isso não pode ser uma desculpa para escondermos nossa parcela de culpa. Discutimos pouco política e utilizamos sempre o mesmo argumento "é muita sujeira". Ora, se somos tão bem resolvidos quanto a isso, então haveria pessoa melhor indicada que nós mesmos para distinguir e escolher entre os ruins e os bons? E, argumentando-se que não há políticos bons, então porque nós mesmos não nos juntamos a nossos amigos (afinal se sabemos qualificar os políticos, melhor ainda sabemos qualificar os amigos) e não formamos um grupo para mudar a cara da política, começando por nossa cidade? Não fazemos isso pois temos outras preocupações particulares na vida, temos nossos estudos, nossas casas, nossos empregos, nossas famílias... mas, espere um pouco, tudo isso também não depende de decisões políticas? Não há remédio, temos que ter o discernimento ou a atitude, se decidirmos agir e trabalhar, optamos pela vida pública da política e se decidirmos escolher entre os bons e os ruins, só o podemos fazer através do voto... Então não adianta, é um problema nosso, e já que não nos dispusemos a agir, só nos resta escolher entre os que decidiram fazê-lo. Bom voto!

01 outubro 2008

Não quero essa coisa verde!


Na maior parte dos grandes centros urbanos temos nos deparado com a questão do trânsito. Infelizmente todos queremos nos locomover ao mesmo tempo e isso causa transtornos que nos desafiam a paciência. Uma solução é manter a serenidade, ver que independente de nosso humor os carros estarão ali e só andarão quando isso for possível. Bom, mas fica outro problema: a poluição que tantos carros juntos causam. Esse problema além de ser bem pior, tem o agravante de ser um problema silencioso, que aumenta em proporções das quais não temos idéia, exatamente pelo fato de ser cumulativo, nossa saúde se debilita vagarosamente. Aí você me pergunta por quê entitulei este texto de "não quero essa coisa verde!". Ora, toda criança justifica com essa frase a recusa em comer verduras, que nós adultos todos sabemos serem essenciais para a saúde. Pois bem, a humanidade moderna encontra-se exatamente nesse momento de deixar de ser infantil e comer "essa tal coisa verde". Todos sabemos que mais cedo ou mais tarde não haverá mais aonde colocar ruas, túneis, viadutos, etc... para os carros andarem. A alternativa se chama: bicicleta. Está na hora de comermos vegetais, crianças.